iPhone 3.0: entre a realidade e a novidadeCerca de 2 anos atrás, quando o iPhone reinava livre no mercado, como o primeiro smartphone multitouch e com uma excelente interface sem botões físicos, poucos questionavam as limitações nas funcionalidades do brinquedo querido da Apple. Funções como o copiar-colar, MMS, gravação de vídeos,
Tethering ou o Bluetooth estéreo, considerados por alguns como ausências injustificáveis, levou a que empresas concorrentes pudessem se aproveitar dessas falhas.
Quase dois anos depois, a realidade é outra. Praticamente todos os grandes fabricantes do mercado têm telemóveis com interface sensível ao toque à venda e um, em particular, começa a fazer barulho sem ainda sequer estar no mercado (atenta-se Palm Pre).
A
keynote da apresentação do iPhone 3.0 desta 3ª feira, a ser lançado no Verão deste ano, trouxe poucas novidades nesse aspecto. O facto de passar a ser possível o copiar-colar de textos e imagens, o suporte a MMS, teclado na horizontal, sincronismo das anotações, integração com calendários, ligação sem fios entre telemóveis, a possibilidade de utilizar fones sem fios, estas já são funcionalidades existentes na concorrência. Sendo que algumas funções, só estarão disponíveis para o iPhone 3G.
No entanto, nem tudo foi mau. Vale a pena destacar a navegação automática de mapas, desejada por aqueles que querem transformar o iPhone 3G em GPS. A busca integrada em todos os produtos, semelhante ao Spotlight do OS X, permite para procurar contactos, e-mails, compromissos e até mesmo músicas no iPod, mas que apenas funciona offline (com excepção dos e-mails em IMAP).
De fora continua a multitarefa. A Apple justifica a falta desta com a queda de até 80% da autonomia da bateria, estudada em aparelhos com o Android, Windows Mobile, enquanto com o regresso das notificações consumiriam apenas 23%. Quem é utilizador de um smartphone da concorrência está habituado a ter vários progamas a correr ao mesmo tempo, com bom desempenho e bateria. O cuidado da Apple é louvável, mas não compensa a falta do multi-processo no iPhone.
A Apple ainda tem uma chance de se redimir em Julho, quando deve lançar o novo iPhone. Câmera melhor, mais memória e hardware rápido são fortes possibilidades. Mas o anúncio de hoje já delimita o que poderá fazer - a não ser que a Apple ouça as críticas e o altere radicalmente.
Embora os utilizadores tenham lucrado com as novas funcionalidades, as maiores mudanças ocorreram para os desenvolvedores de produtos. A Apple apresentou uma nova funcionalidade do iPhone SDK (Software Development Kit) que permite aos programadores criar aplicações que interajam directamente com os acessórios ligados ao iPhone, quer pelo dock, quer por Bluetooth. Entre outras novidades, uma das sugestões dadas foi a criação de aparelhos médicos, como medidores de pressão, compatíveis com iPhone e a possibilidade dos desenvolvedores ganharem formas de cobrar por conteúdo extra dentro dos seus programas, a partir de download e pagamento dinâmicos.
Resta dizer que os donos do iPhone 3G e do iPhone original poderão fazer o upgrade sem qualquer encargo financeiro. Já quem tiver um iPod Touch terá que uns trocos (US$ 9,95) para trocar de SO.